30 maio 2015

Todo bom filho retorna à casa


Acordei no apartamento 68 e parecia um sonho. Quando meus olhos abriram à primeira luz do dia depararam-se com um rosto estranho e disseram um 'Oi' bem acanhado. Os novos moradores foram aparecendo e eu não os reconhecia. Foi então que sentei-me naquela poltrona perto da janela que nos permitia ver toda a Parnell Street e lembrei-me do começo de minha jornada. 
Eu vi o filme da minha trajetoria que se cruzou com a de tantos outros, que embora ja tenham partido, deixaram marcas de amor em meu ser. Lembrei da primeira noite: Uma mistura de excitação por ter acabado de chegar no mundo novo e um frio na barriga, que logo foram se acalmando quando passei horas conversando com aquela que seria minha grande amiga pra vida inteira.
Lembrei tambem dos sorrisos, dos olhares, das conversas na cozinha apertada, dos sonhos compartilhados (ou não), das reunioes regadas a muita comida boa e gargalhadas. Lembrei que apesar da dor e da dificuldade a gente tava junto, se reconhecia no outro e apesar de todos os pesares eramos felizes. A gente se abraçava e suavizava o peso.
Lembrei da força de casa um dentro de suas veredas e como aquelas pessoas cumpriram sua sina.
Olhei pra mesinha na sala e senti o cheiro de chá de gengibre com limão. Vi uma cerveja embaixo dela tambem.
Os italianos passavam dizendo pra brazileirada que deveriamos falar em Ingles (This is English Zone) e sorriamos.
Eu via todo mundo reunido na sala e senti a felicidade invadindo. Foi a dose de amor que eu precisava em tempos tao dificeis.
O 68 me abraçou mais uma vez e aqueceu meu coração. Gratidão!

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