04 julho 2015

See you, Ireland!


Das coisas mais importantes e bonitas que Dublin me ensinou foi a amar, mas não no sentido que muitos pensam por ai (nada de posse, carne ou outra coisa relacionada a paixão). Amor sublime, sem barreiras, universal. Aquele que não precisa da presença física, benevolente, paciente, resiliente... O amor que liberta. E foi aí que entendi: "Only love will set you free" (Só o amor vos libertará). Aprendi do jeito fácil - com aqueles que foram afetos rapidamente-, e do jeito difícil - com aqueles que me exploraram, magoaram. Mas não teve escapatória, o amor tava ali. Difícil vivê-lo quando estamos no meio de pessoas hostis e ai que chega a grande prova: reduz teu orgulho, dobra tua paciência, desenvolve tua indulgencia, força na resiliência e dá o teu exemplo de amor. Ama o teu próximo como a ti mesmo! 
E é com satisfação que eu posso dizer: Eu amei.
Já amar os amigos foi "Piece of cake". Encontrei a maioria deles nos primeiros meses, o laço se estabeleceu forte e rápido e assim estamos nos amando até hoje - uns perto, outros nem tanto. Mas se não fosse o amor deles para recarregar minha bateria, eu não sei o que seria de mim. O melhor presente que vou levar para casa serão os afetos que aqui construí e que são eternos.
A experiencia de morar na Europa foi única e foi me transformando de uma forma que eu nem imaginava. Parece que se passaram uns dez anos. Saí de Recife com 21 anos e estou voltando com 31 (Só psicologicamente, continuo na flor da idade). Minha visão de mundo e de tudo que está a minha volta é outra. O universo se expandiu e um leque de novos conhecimentos e possibilidades se abriu diante de meus olhos. Comecei a discordar tambem de quem diz que a limitação de ganhar o mundo está apenas na cabeça das pessoas: "Bullshit!" Não só na cabeça, mas no bolso também. Tem que ter dinheiro e muito trabalho envolvido. Sem isso tu não compra euro pra ir pra Europa, sinto muito.
Me libertei de um monte de tabu que herdei da minha cultura e acabei adquirindo outros. Agora tenho dupla nacionalidade! (Psicologicamente) Aprendi a valorizar (ainda mais) as coisas simples da vida como aproveitar um jantar na casa dos amigos, anadar na rua atenta aos sons e cores (ou a ausência deles), tomar banho de praia gelado, aproveitar um dia de sol no parque deitada na grama, o farfalhar das folhas de outono, o sabor do chocolate quente da Butler's Chocolate num dia muito frio, reparar na mudança das estações e com elas a oscilação de humor das pessoas, os cheiros e sabores dessa terra tão verde.
Outra coisa coisa que não precisei de muito tempo para descobrir foi que os VERDADEIROS irlandeses não vivem em Dublin. Aqui é tudo Irish do Paraguay, sinto lhes informar! Tive a felicidade de morar na parte mais linda e maravilhosa da Irlanda: kerry. Lá encontrei irlandês, leprechaun, celtas, vikings e tudo que essa cultura tão rica tem para oferecer. Fui de canto a canto nesse país... fazendo amigos, imergindo no estilo de vida deles, aprendendo seus valores e conhecendo paisagens exuberantes pelos olhos de quem aqui nasceu e cresceu. Aprendi sobre a história, música, dança, culinária e assim já me sinto Irish. Até gaélico eu sei falar! (Umas poucas palavras, é obvio. hahaha) 
E no balanço disso tudo eu descobri que nesse um ano (ou dez?) fora de casa eu cumpri minha missão. Alcancei meus objetivos além do esperado. Aprimorei muito o idioma, viajei, mergulhei de cabeça na cultura, amadureci, me encontrei comigo em cada esquina, aprendi um universo de coisas, vi psicologia, constituí família e o mais importante: Amei incondicionalmente,
é com o coração bem pequenininho que vou me despedindo de casa para ir ao meu primeiro lar. Deixo outra terrinha e outra família.
A despedida nunca é fácil diante dos encontros maravilhosos que a vida tem me proporcionado. Eu vou, mas cada pedacinho da Irlanda vai comigo onde quer que eu esteja. Muita gratidão a esse país que me recebeu de braços abertos e que se tornou meu lar. 
Até breve, Ireland.

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